O CULTO DE SANTO ANTÓNIO
A implantação do culto a Santo António, em Portugal, foi promovida pela Ordem Franciscana ainda no século XIII que valorizou as características de Taumaturgo. Foi nesta ordem religiosa que Santo António professou, (depois de ter vestido o hábito de Cónego Regrante) que foi pregador e grande reformador.
Mas além da Ordem Franciscana, também a Coroa, desde cedo, apoiou este culto, reconhecendo o papel do Santo no catolicismo, juntamente com o Senado da Câmara que valorizou, sobretudo, o facto deste ter nascido em Lisboa, a 15 de agosto de 1195 (tradicionalmente no local onde hoje está a Igreja que lhe é dedicada), com o nome de Fernando de Bulhões.
Acabaria por morrer em Arcella, a caminho de Pádua, no dia 13 de junho de 1231. E logo no ano seguinte, a 30 de maio, viria a ser canonizado pelo Papa Gregório IX. Mas em Lisboa, fala-se num fenómeno sobrenatural: à mesma hora da cerimónia de canonização em Itália, tocaram os sinos na cidade.
Lisboa passa a ser o grande centro de devoção, plenamente consolidado a partir do século XV. Surgem, como reflexo deste culto, várias celebrações religiosas organizadas pelo Senado da Câmara para o dia 13 de Junho que ficaria como o dia de Santo António: compreendiam um Te Deum, uma Missa Pontifical e a Procissão.
Combinadas com estas de cariz mais erudito, organizam-se manifestações de carácter profano e popular como os arraiais e até a oferta ritual de majericos, às quais não foi estranho a população de Lisboa.
Foi pois esta que vai promover e desenvolver um culto com características muito peculiares que recobre cultos ancestrais de uma divindade pagã protetora dos lares e da cidade e variadas superstições.
Valorizando o Santo como milagreiro no seu imaginário popular, servia-se das mais expressivas festas populares para homenagear e agradecer a proteção daquele que assumiu como o seu Padroeiro e que passou a chamar de “Santo Antoninho”: o protetor da cidade, das casas e da família; o advogado das Almas do Purgatório, Advogado das almas do purgatório, dos objetos perdidos; propiciador de bons casamentos, curandeiro e protetor dos animais.
Santo António é um ícone de Lisboa e a devoção que lhe é dedicada é um dos mais marcantes testemunhos da religiosidade popular e da história da cidade.