Profissões Urbanas e Tipos Sociais de Lisboa Antiga (séculos XVII-XVIII)
A construção da memória viva da cidade faz-se de factos e de gentes que por ela passaram. Estudamos o Povo que em Lisboa viveu, com o intuito de compreender a sua representação social e contemplando todos - da produção e distribuição de bens ao serviços urbanos, do poder à magistratura, da arte à estética, do desvio e das margens, todos actores identitários da capital no período de Antigo Regime, algures entre os séculos XVI e XIX.
A ideia de trabalhar as antigas profissões, artes e ofícios de Lisboa tem-se consubstanciado ao longo do tempo com o levantamento sistemático de fontes históricas primárias escritas e iconográficas e mostra-se pertinente não só pelo conhecimento do contributo das várias profissões no desenvolvimento social, económico e cultural de Lisboa, como também pela preservação da memória de alguns ofícios já desaparecidos.
Abordar os ofícios e mesteres implica também observar as instituições que os regulavam e disciplinavam: a Câmara da cidade, a Corte, mas também as confrarias e irmandades pela sua intervenção económica, política, social e religiosa.
Nesta linha as publicações a pretexto do tema “Memórias de Lisboa. Espaços gentes e quotidianos. As antigas profissões, artes e ofícios de Lisboa nos séculos XVI-XIX. O aguadeiro, o correeiro, a peixeira/varina, o boticário foram alguns dos exemplos já retratados nesta rubrica e continuaremos a dar a conhecer outros actores, os produtos que fabricavam e os serviços que prestavam, técnicas de produção já esquecidas e algumas das formas de cuidar que praticavam – do corpo, da alma, da comunidade; mas também a organização do trabalho, as leis pelas quais se regiam, os arruamentos dos ofícios medievais que por exemplo subsistiram na Baixa de Lisboa até ao terramoto de 1755 e de que modo se reorganizaram após o cataclismo, distribuindo-se pela cidade ou enquadrando-se na nova ordem urbana.
Delminda Rijo e Fátima Aragonez (GEO - Núcleo de Demografia Histórica)