Boavista e a S. Paulo

Mulher Escamando Peixe. Pormenor do painel de azulejos da cozinha do Palácio Pimenta. Autor desconhecido, séc. XVIII. Museu de Lisboa
Vendedeira de Tremoços. Manuel Godinho, 1826. Estampa n.º 22 da coleção do álbum "Ruas de Lisboa". Museu de Lisboa
Straw boat unloading. Black women emptying their pots. Sketches os Portuguese Life, Manners, Costume and Character. A.P.D.G., 1826. Museu de Lisboa
Trabalhos Portuários. Painel de Azulejos, Convento dos Agostinhos de N. Sra. da Graça de Lisboa. Séc. XVIII. Fotografia de José Vicente, 2017
Negro acompanhando cavaleiro. Painel de Azulejos, Jardins do Palácio Fronteira. Séc. XVII (?). Fotografia de José Vicente, 2017

À Boavista e a S. Paulo, espaço ribeirinho e de actividade comercial intensa, associamos o tema do trabalho.

TRABALHO FEMININO

O trabalho das mulheres negras de Lisboa foi muito representado em gravuras e pinturas da Época Moderna. Estavam por todo o lado, destacando-se em tarefas da esfera doméstica, da limpeza urbana e de venda ambulante.

Em 1552, todos os dias, andavam centenas pela cidade a vender ameixas, favas e chícharos cozidos, aletria, arroz e todo o género de alimentos.

Na limpeza doméstica da cidade, mil negras calhandreiras recolhiam os despejos das casas e lançavam-nos ao rio, não distando muito deste local os desaparecidos Caminho e Cais das Negras, à Boavista. À meia-noite, ouvia-se pelas ruas “uma corneta que junta estas gentes para que vão todas concertadas ao mar fazer esta ação”. In, Della Grandezza e Magnificenza della Città di Lisbona. Gianbattista Confalonieri, 1593.

 

"E digo que nesta cidade há cinquenta
mulheres, entre brancas e pretas, forras
e cativas, que em amanhecendo saem
da Ribeira com panelas grandes cheias de
arroz e cuscuz e chícharos, apregoando
[…] compram [ameixas cozidas] a estas
negras que as trazem muito limpas, com
panos lavados e muito bem cobertas."

Grandeza e Abastança de Lisboa. João Brandão de Buarcos, 1552.

TRABALHO MASCULINO (SÉC. XVI)

Uma das consequências dos Descobrimentos e da saída de homens para os territórios ultramarinos foi a escassez de mão-de-obra urbana, e que foi em grande parte suprida por trabalho escravo.

A manutenção da vida urbana passou a depender dessa força, sobretudo nos trabalhos mais pesados dos cais, nas pescas e na agricultura, nos fornos de cal ribeirinhos e também ao serviço de conventos e palácios, como tão bem ilustrou um autor anónimo em 1578 "tratam de cavalos, servem de carregadores, de lavradores, de marinheiros e fazem muitos trabalhos". In, Ritratto e Riverso del Regno di Portogallo. Autor anónimo, 1578.

"Vemos no reino meter
tantos cativos crescer
E irem-se os naturais
Que, se assim for, serão mais
Eles que nós, a meu ver."

Miscelânea. Garcia de Resende, 1533.

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