Madragoa

O Bairro de Mocambo, depois Madragoa. Pormenor do painel de azulejos da "Vista de Lisboa". Atribuído a Gabriel del Barco (Siguença, 1649 - 1703, Lisboa). Museu do Azulejo
Planta de Lisboa. Final do séc. XVI. Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro
Negro servindo à mesa. Livro de Horas dito de D. Manuel. António de Holanda, c. 1517-1536. Museu Nacional de Arte Antiga
Carta de D. Manuel I a ordenar ao Senado de Lisboa a abertura de um grande poço onde se lançassem os escravos mortos. 13 de novembro de 1515. Arquivo Histórico de Lisboa (Livro 1º do Provimento da Saúde, fl.51-52v.)
O António Maria, 1882. Câmara Municipal de Lisboa - Hemeroteca Municipal

O BAIRRO DE MOCAMBO

Em 1593 foi criado o bairro administrativo do Mocambo, topónimo africano que em umbundo significa “lugar de refúgio”. Esta designação antiga da actual Madragoa talvez resulte da circunstância de nos tempos iniciais da escravatura em Lisboa, ter servido de lugar de refúgio a escravos fugidos e sobre os quais D. Manuel legislou nas Ordenações Manuelinas em 1512, tal como as cortes em datas posteriores.


E assim hei por bem que nenhum cristão-novo, mourisco, nem negro que fosse cativo, assim homens como mulheres não agasalhem nem recolham nas casas em que viverem nenhum escravo nem escrava cativos, nem dinheiro, nem fato, nem coisa alguma que esses tais cativos derem ou tragam a suas casas nem lhe comprem nenhuma coisa, nem hajam deles coisa alguma por outro algum título.

Capítulo de Cortes, 1544


Os escravos pulam por toda a parte. Todo o serviço é feito por negros e mouros cativos. Portugal está a abarrotar com essa raça de gente. Estou a crer que em Lisboa os escravos e as escravas são mais que os portugueses livres de condição.

Cartas de Nicolau Clenardo. 26 de março de 1535


POÇO DOS NEGROS

Os nomes da Rua e Travessa do Poço dos Negros poderão ser uma reminiscência de uma medida sanitária promulgada em 13 de novembro de 1515 por D. Manuel I para prevenção das epidemias que assolavam a cidade. Este rei, considerando que os escravos falecidos e deixados “no monturo, que está junto da Cruz que está no caminho que vai da porta de Santa Catarina para Santos” determinou que “o melhor remédio será fazer-se um poço, o mais fundo que pudesse ser, no lugar que fosse mais convinhável e de menos inconveniente, no qual se lançassem os ditos escravos”.

A COROAÇÃO DA RAINHA DO CONGO (SÉCULOS XVI-XIX)

A coroação simbólica de reis e rainhas de nações africanas foi uma festividade que durante séculos integrou a vivência lúdica dos negros em Lisboa. Entre os testemunhos desta celebração, contam-se o compromisso da Irmandade do Rosário dos Homens Pretos (1565) que menciona um rei e a sua corte; a existência de uma mulata sardinheira que em 1587 foi rainha, e a notícia num folheto de 1730 da presença do Rei Mina e do Rei Angola na festa do Rosário do Convento do Salvador.
Em setembro de 1882, a imprensa lisboeta anunciava que na Travessa do Outeiro à Lapa se realizaria a coroação de Maria Amália I, a Rainha do Congo.

 

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