Nos 500 anos da morte de Fernão de Magalhães em 27 de abril de 1521
Em 1516, Fernão de Magalhães concebeu em Lisboa o projeto de ir às ricas ilhas Molucas ao serviço de Castela rumando a ocidente. Nunca poderia imaginar que cinco anos depois, em 27 de abril de 1521, iria ser morto numa batalha travada na ilha de Mactan, no centro das Filipinas. Magalhães acabara de descobrir em 16 de março de 1521 este arquipélago asiático depois de ter dirigido a mais admirável viagem marítima de todos os tempos, durante a qual descobriu metade do planeta. Tinha então navegado uns 35 000 km desde que em 10 de agosto de 1519 a sua armada deixara Sevilha.
Foi Lapu Lapu, rei da ilha de Mactan, quem chefiou os mais de mil e quinhentos guerreiros que mataram Magalhães, depois de se ter recusado obedecer às exigências para pagar o tributo que lhe era exigido e submeter à autoridade do rei de Cebu e de Carlos V.
Através de uma fácil intervenção militar Magalhães quis mostrar a superioridade dos europeus sobre os adversários do rei amigo de Cebu, reforçando assim o domínio de Castela sobre aquele arquipélago, onde desnecessariamente ficou durante quarenta e três dias, pois a sua missão era ir mais a sul até às Molucas, na Indonésia, que ficavam perto.
Magalhães estaria então na expectativa de compensar o malogro em que tornara a sua missão pois ficara desesperado ao ter verificado que falhara o objetivo de provar serem as Molucas espanholas, pois apercebeu-se que afinal elas estavam na parte portuguesa do mundo definida no Tratado de Tordesilhas. Foi por isso que ele decidiu arriscar uma iniciativa que se revelou desastrosa e ia contra tudo o que lhe era exigido.
O facto de Magalhães, um homem com tanta experiência militar, estar desesperado é o fator que melhor explica o seu excesso de confiança que levou a uma péssima direção da ação militar que realizou. Esta começou por ter escolhido um mau local de desembarque dos seus escassos quarenta e nove homens, pois tiveram de ir para uma praia que ficava a uns duzentos metros de onde tiveram de ficar os três bateis, que não lhes puderam dar apoio. Os guerreiros de Mactan beneficiando da sua imensa superioridade numérica, do cansaço dos inimigos e do fim das suas munições, acabaram por matar Magalhães e mais seis dos seus companheiros, que ali ficaram, além de terem ferido muitos mais, dos quais dois vieram a morrer.
Antonio Pigafetta numa frase, tão comovente como expressiva, prestou uma sentida homenagem a Magalhães ao evocar o seu fim da seguinte forma: «Mataram o espelho, a luz, o amparo e o nosso verdadeiro guia».