Casas de artigos religiosos da Baixa e do Chiado

No centro da cidade de Lisboa, as lojas de artigos religiosos da Baixa são o espelho da cultura e da longa tradição cristã em Portugal. Já em menor número do que antigamente, estas três lojas continuam a alimentar rituais que, por vezes, se pensam perdidos no avanço para a modernidade. Mas estas três casas dão o espectro coevo da actividade: uma bela loja, espaçosa e atraente de uma congregação religiosa feminina, a mais profissional e completa; uma papelaria antiga, que pela localização e pela grande procura popular, se foi reorientando para a venda de santinhos; e uma terceira, que pelo reduzir da população piedosa na zona, se está a “extinguir” na sua vocação inalterada de há muitos anos.

Nestas lojas, procuram-se presentes para oferecer às crianças que fazem a Primeira Comunhão ou para os futuros sacerdotes. Procuram-se os objectos indispensáveis à celebração da missa. Os santos e anjos velam por aqueles que os adquirem ou por aqueles a quem são ofertados e a palavra escrita está presente, sob várias formas, nas três lojas que na Baixa se dedicam à venda destes artigos.

Ainda que de carácter religioso, não se pode esquecer que nestes estabelecimentos trabalham pessoas, num total de 6. Estas, por sua vez, dependem da devoção dos clientes, tendo também alguma capacidade de se adaptar a ela. Os caminhos da fé, como se ouve dizer, são imperscrutáveis: longe de só se adorar Santo António ou Nossa Senhora de Fátima, a variedade da devoção nem sempre encontra resposta na oferta destas lojas. Ainda assim, é reconhecido o esforço que este pequeno comércio faz para agradar aos seus clientes e alguns estabelecimentos são conhecidos pela sua grande variedade de imagens religiosas. Mas estas lojas são, também, o espelho da pluralidade cultural da cidade de Lisboa. Em locais de maior ou menor afluência pedonal, todas elas são permeáveis a outras confissões, a outras crenças. As relações que se estabelecem com elas são, geralmente, pacíficas e de mútua aceitação. Afinal, a validade das crenças é paritária entre crentes, diversa segundo estes e desigual segundo a procura por santos ou anjos. O respeito é o primeiro passo para um bom convívio e a aceitação é a base para um negócio que a todos atende.

Joana Costa (ISCTE-IUL)

Levantamento das casas de artigos religiosos na Baixa e Chiado (descarregar PDF)

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