Lojas de Tecidos Finos da Baixa e do Chiado

Neste ramo de actividade, bem como na retrosaria, de clientela eminentemente feminina, assiste-se a uma curiosa articulação entre o feminino e o masculino. Os empregados são habitualmente homens, na meia-idade ou mais, bons conhecedores dos tecidos, suas qualidades, medidas, aplicações, pela larga experiência de muitos anos ao balcão, a lidar com fabricantes e alguns mesmo ex-caixeiros-viajantes. Aconselham as clientes, muitas das quais conhecem de longa data e estas pedem e têm em conta o seu avisado conselho, naquele principio tão bem enunciado pelo Sr.Manuel Almeida  da Retrosaria Luís S.Fernandes Ldª de que “Eu tenho de tudo para oferecer, tanto me faz vender uma coisa ou outra, o que quero é servir bem a cliente para que ela volte sempre!”. Não pode haver melhor para uma confiança duradoura! 

Conta o Sr. Varandas, da Ourotexteis, empregado do comércio de tecidos desde os 11 anos: “Está tudo muito mudado e hoje as lojas de tecidos serão um décimo das que já existiram na Baixa. Até nos andares haviam casas de tecidos e não foi problema a abertura da Feira dos Tecidos aqui mesmo ao lado, pois isso é que permite chamar clientes: quanto mais lojas do mesmo ramo existirem numa rua, e cada uma se especializar, mais todos ganham. Aliás a Baixa já foi o maior centro comercial do país, em que havia de tudo, desde forrar botões até reparar panelas de pressão. E o pior para afastar um cliente é haver uma quebra de hábito em vir a uma casa. E ganha-se uma estima pelos clientes antigos, que confiam em nós. Sabe, os novos clientes, que se habituam aos centros comerciais em que não têm atendimento personalizado, já não perguntam, não nos ouvem, como é timbre no comércio tradicional – é triste!”.

Hoje a Baixa, outrora toda ela fanqueiros e tecidos, está reduzido a um único quadrado de lojas de tecidos – localizado em dois quarteirões, entre a rua Augusta e a rua do Ouro, o Rossio e a rua de Stª Justa – onde se concentram 4 das mais importantes casas de tecidos de confecção, a que se veio acrescentar uma 5ª firma, a Casa Sousa, mudada do Chiado para a rua dos Sapateiros. No passado ficaram a Casa Monteiro, os Tecidos do Carmo, Grandela, Armazéns do Chiado, a José Alexandre, o Eduardo Martins, os Armazéns da Betesga, Montigre, só para recordar alguns entre dezenas que existiram até meados do séc.XX.

Mas o que mudou foi o fim da confecção por medida, pelo próprio, por modista, costureira ou alfaiate. Desde os anos 1970, 1980, que o pronto-a-vestir predomina. Hoje comprar tecido é mais excepcional, para um vestido de cerimónia, um fato de fantasia, ou festivo ou para fazer uma peça com carinho a um ente querido.

Guilherme Pereira

Levantamento das Lojas de Tecidos Finos da Baixa e Chiado (descarregar PDF)

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