Retrosarias da Baixa e do Chiado
Retroseiro vem de retrós, o fio de seda retorcido usado em costura. O retroseiro vende tudo o que é aviamentos para costura e confecção de roupa, e hoje em dia por afinidade e necessidade comercial, também adornos pessoais e de toilette, acessórios para decoração, estofos, cortinas e cortinados, a chamada passemanaria.
Recentemente, uma ou outra casa inclui os vestidos de noiva e de cerimónia e a partir dos anos 1990 quase todas oferecem emblemas académicos, municipais, desportivos.
Na rua da Conceição - rua dos retroseiros desde sempre – faz-se a complementaridade deste conjunto de casas pela especialidade de cada uma delas. No total da Baixa são 15. A redução deste negócio está no abandono dos lavores femininos pelas senhoras de hoje, no desaparecer de costureiras e de alfaiates, de ateliers de confecção e no incremento do pronto-a-vestir.
Alta costura, estilistas, guarda-roupa de teatro, espectáculos e TV são os novos clientes deste ramo, onde se vai e pede conselho sobre a linha e entretela mais adequadas, se procuram os botões mais parecidos, numa troca de conhecimentos entre retroseiro e cliente feito da experiência de cada um. Os profissionais são maioritariamente homens, a clientela feminina e o conhecimento
de longa data é ainda regra, pois embora feito de miudezas, requer muita confiança e garantia nos aviamentos e linhas, deles dependendo muito do bom acabamento dum vestido, fato ou cortinado.
“O retroseiro é um pouco como a casa de ferragens: tem de tudo, vende à unidade, ao centímetro, tem de ter escolha e qualidade”. Variedade e bom gosto, equilíbrio entre a novidade e o que se vende sempre, são pois alguns dos desideratos das retrosarias, negócio discreto mas que tanto brilho pode dar: basta vermos algumas destas casas para vermos quanto glamour e eficiência podem ter.
Guilherme Pereira
Levantamento das Retrosarias da Baixa e Chiado (descarregar PDF)