Os cyber-cafés da Baixa e do Chiado

Falar dos cyber-cafés na Baixa e no Chiado é perceber uma Lisboa que se adaptou a novos tempos, tal qual a ode de Camões “mudam-se os tempos mudam-se as vontades”. Atenta a esta nova realidade, a cidade, lá por meados dos anos noventa do século passado, rendeu-se à dinâmica da globalização e entrou na frenética “sociedade em rede”, tal como Castells a designou. Mas o gravitar em torno da rede não se cingiu à escala económica, as relações sociais, também, conheceram novo fôlego, visto que quebraram o limite físico que tradicionalmente as enformava. Pois, com o avançar do tempo temos vindo a assistir à complexificação da vida; pelo que os cyber-cafés vieram ajudar a responder a esse desafio do “ciberespaço” e da “cibercultura”. Cientes de que os conceitos são bastante amplos e sem a pretensão de os explicar em absoluto, adoptar-se-á a acepção do filósofo da informação Pierre Lévy em Cibercultura, “ciberespaço é o novo meio de comunicação que surge da interconexão mundial dos computadores, (…) e é não só a infra-estrutura material da comunicação digital, como também o universo oceânico de informações que abriga, assim como os seres humanos que navegam e alimentam esse universo. (…) sendo a “cibercultura” o conjunto de técnicas (materiais e intelectuais), de práticas,  de atitudes, de modos de pensamento e de valores que se desenvolvem conjuntamente com o crescimento do ciberespaço”.  

Enquanto ciber-cafés recensearam-se dois, porque apesar de algumas lojas de telemóveis, como por exemplo The Kamal na rua do Loreto, terem um pequeno espaço adstrito ao uso da internet não se podem considerar enquanto tal. A constar em alguns roteiros está ainda o Ciber.Bica, no nº 7 da R. Duques de Bragança, mas não passa do espectro da actividade que foi.

Estes espaços ainda são mais utilizados por um público mais jovem, apesar  das faixas etárias mais velhas terem vindo, gradualmente, a aderir às novas tecnologias. No que toca ao uso, talvez interesse diferenciar dois tipos de público: os clientes de passagem, onde a percentagem é relativamente equitativa entre homens e mulheres e o cliente fidelizado que é maioritariamente masculino. Mas a este respeito ainda se pode fazer outra dicotomia: por um lado os clientes portugueses utilizam os computadores e a internet mais para questões relacionadas com o trabalho, já os estrangeiros, por seu turno, vão mais para aceder à caixa de correio electrónico, aos sites das redes sociais (Messenger, Facebook) ou simplesmente imprimir os bilhetes electrónicos. Pode-se ir sozinho ou em grupo e o ciberespaço tanto pode ser um pretexto para o encontro de amigos reais, como pode ser uma plataforma que permita outros encontros e outras espacialidades. E se uns estão pouco tempo e se cingem sobretudo a uma aplicação mais pragmática, outros há que passam mais tempo e que acabam por casar os dois espaços, atribuindo-lhes assim características pessoais, que acabam por se reflectir num ambiente mais intimista. 

Judite Lourenço Reis com a colaboração de Sara Pinto (ISCTE-IUL)

Levantamento dos cyber-cafés da Baixa e do Chiado (descarregar PDF)

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